O mercado de carros elétricos usados no Brasil viveu um notável crescimento no primeiro semestre de 2023, mas, surpreendentemente, enfrenta uma desvalorização até duas vezes maior do que a observada em modelos tradicionais a combustão ou híbridos, conforme aponta um estudo recente realizado pela Mobiauto.
O Panorama da Desvalorização
A Mobiauto, especializada em compra e venda de veículos, revelou que a variação média de preço entre janeiro e outubro de 2023 foi de -16,28%, comparativamente ao mesmo período do ano anterior. Este número supera em mais que o dobro a desvalorização do mercado em geral (-7,87%) e é quase o dobro da registrada entre os carros híbridos (-8,78%).
Fatores Determinantes
Vários fatores contribuem para essa desvalorização pronunciada. A desconfiança em relação à durabilidade dos carros elétricos, especialmente em relação às baterias, é um ponto crucial. Adicionalmente, a “concorrência” com lançamentos frequentes de modelos zero-quilômetro, muitas vezes com preços mais acessíveis, também impacta a desvalorização no mercado de usados.
Pontos Relevantes sobre a Desvalorização
O estudo da Mobiauto ressalta alguns aspectos importantes sobre a desvalorização dos carros elétricos usados:
Menos Desvalorização
Destacando-se na lista dos carros elétricos que menos desvalorizaram está o Mercedes-Benz EQC 400, ano/modelo 2021. Lançado por R$ 621.950,00, o modelo mantém um valor de mercado atual de R$ 598.900,00, representando uma redução de apenas 3,71%.
Na sequência, temos o Porsche Taycan 2021, que apresentou uma desvalorização de apenas 7,30%, passando de R$ 868.140,00 para a média atual de R$ 804.763,33.
Mais Desvalorização
No lado oposto, o carro elétrico usado que mais sofreu com a desvalorização foi o Audi e-tron, ano/modelo 2022. Inicialmente custando R$ 770.900,00, o veículo agora está avaliado em R$ 553.132,00, representando uma queda significativa de 28,25%.
Desafios e Oportunidades
A desvalorização acelerada dos carros elétricos usados aponta desafios que o mercado brasileiro ainda precisa superar. A desconfiança do consumidor e a concorrência com modelos mais recentes são desafios a serem endereçados para consolidar de forma mais sólida esse segmento.
Entretanto, a presença de modelos que mantêm um valor de revenda mais estável, como o Mercedes-Benz EQC 400, sugere que há espaço para a estabilidade e crescimento desse mercado, especialmente com o amadurecimento da infraestrutura de suporte e a conscientização sobre os benefícios dos veículos elétricos.
Em meio a esses desafios, as oportunidades de transformação e crescimento também se destacam. A aceleração na oferta de carros elétricos acessíveis e a expansão da infraestrutura de carregamento são fatores que podem impulsionar positivamente o mercado, criando um ambiente mais favorável para a aceitação e valorização desses veículos no cenário automotivo brasileiro.