O futuro dos biocombustíveis no Brasil está ganhando cada vez mais força, impulsionado por incentivos governamentais e pela infraestrutura existente no país. O Projeto de Lei do Combustível do Futuro, que aguarda sanção presidencial, prevê uma série de benefícios significativos para a produção e o uso de biocombustíveis, consolidando-os como uma escolha estratégica para o setor de transportes. Em contraste, a eletrificação, embora promissora, ainda enfrenta obstáculos que a colocam em segundo plano. Neste artigo, vamos explorar como o Brasil está se posicionando nesse cenário e o impacto disso no futuro da mobilidade sustentável.
Biocombustíveis: Vantagem Competitiva
De acordo com Marcelo Bragança, vice-presidente de Operações da Vibra Energia, a infraestrutura já existente para os biocombustíveis é uma das grandes vantagens do Brasil. Ele destaca que a logística para o transporte e a distribuição dos biocombustíveis é similar à dos combustíveis fósseis, o que facilita a transição e consolida o país como um potencial hub de produção global. Isso é especialmente relevante no caso dos biocombustíveis avançados, que prometem uma menor emissão de gases poluentes.
Além disso, o Projeto de Lei propõe o aumento da mistura de etanol na gasolina de 27,5% para 35%, e do biodiesel no diesel de 15% para 25%, medidas que devem impulsionar ainda mais o uso dessas fontes de energia. Esses aumentos, no entanto, estão condicionados à viabilidade técnica, mas a expectativa é que a demanda brasileira por combustíveis cresça 35% até 2030, com os biocombustíveis liderando esse crescimento.
O Desafio da Eletrificação
Enquanto os biocombustíveis ganham terreno, os carros elétricos ainda enfrentam dificuldades no Brasil, principalmente pela falta de uma infraestrutura de recarga adequada. Apesar dos esforços da Vibra Energia em investir em pontos de recarga em rodovias, com a instalação de carregadores rápidos em 9 mil quilômetros de estradas, o mercado de veículos elétricos plug-in (BEV e PHEV) deve corresponder a apenas 25% das vendas até 2030.
A parceria da Vibra com a Aliança pela Mobilidade Sustentável, liderada pela 99, é um passo importante para acelerar a infraestrutura de carregamento. Contudo, a expansão desse mercado ainda depende de mais incentivos e investimentos do que os atualmente previstos, e o alto custo dos veículos elétricos também é uma barreira para sua popularização.
Aposta no Curto Prazo ou no Longo Prazo?
O Brasil, com sua vasta capacidade de produção agrícola e infraestrutura robusta, parece estar apostando nos biocombustíveis como a solução mais imediata para a sustentabilidade no setor de transportes. Isso faz sentido, considerando que o país já tem uma tradição no uso de etanol e biodiesel, além da infraestrutura consolidada. No entanto, ao priorizar os biocombustíveis, corre-se o risco de deixar a eletrificação em segundo plano, o que pode comprometer os esforços de descarbonização a longo prazo.
Embora os biocombustíveis sejam uma alternativa sustentável no curto e médio prazo, a eletrificação ainda é vista globalmente como a principal solução para reduzir significativamente as emissões de carbono no setor de transportes. Diversos países estão investindo pesadamente na eletrificação e em tecnologias de baterias, o que coloca o Brasil em uma posição delicada. Será que estamos priorizando o caminho certo?
A escolha do Brasil por priorizar os biocombustíveis reflete as vantagens competitivas do país no setor energético. Com uma infraestrutura já bem estabelecida e incentivos governamentais em andamento, os biocombustíveis têm tudo para se consolidar como a principal fonte de energia sustentável nos próximos anos. No entanto, a eletrificação não pode ser deixada de lado, especialmente considerando a tendência global de descarbonização. O futuro da mobilidade no Brasil ainda está sendo escrito, e será interessante observar como o país equilibrará essas duas frentes nos próximos anos.