O excesso de estoque das montadoras chinesas no Brasil está se tornando uma questão crítica para o mercado automotivo. Segundo um estudo recente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), mais de 81 mil veículos importados estão estagnados nos pátios, aguardando compradores. Isso ocorre mesmo com o aumento expressivo de 339% nas vendas de 2023 para 2024, evidenciando um possível descompasso entre a oferta e a demanda.
Entre janeiro e agosto de 2024, as vendas de marcas chinesas atingiram 72.476 unidades, um número significativo, mas que ainda deixa um grande volume de veículos no estoque. Para se ter uma ideia, o montante atual de veículos parados equivale a oito ou nove meses de vendas no ritmo atual. Essa situação levanta uma série de dúvidas sobre os próximos passos dessas montadoras no mercado brasileiro.
Segundo Marcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, a grande questão agora é entender como as marcas chinesas vão lidar com esse cenário. Será que elas irão apostar em promoções agressivas para acelerar as vendas e reduzir o estoque? Ou a alternativa seria a reexportação desses veículos, algo que, de acordo com o presidente, parece pouco provável?
Além disso, a Anfavea também está pressionando por uma elevação mais rápida do imposto de importação, que atualmente está em 18% e só deve atingir 35% em 2028. A ideia é que o aumento mais imediato desses impostos possa conter a invasão de veículos importados, protegendo assim a indústria local.
O excesso de veículos nos pátios e o impacto disso para o mercado brasileiro são sinais claros de que o equilíbrio entre oferta e demanda precisa ser ajustado. A maneira como as marcas chinesas vão responder a esse desafio terá um impacto significativo nas estratégias futuras, não só para elas, mas para toda a cadeia automotiva no Brasil.