A Argentina está em vias de alterar drasticamente seu sistema de fiscalização de trânsito. Recentemente, um projeto foi apresentado no legislativo argentino visando acabar com as multas por radar, também conhecidas como multas fotográficas. A autora da proposta, deputada Patricia Vásquez, argumenta que essas penalidades, embora eficientes na arrecadação de recursos, não têm contribuído para a segurança viária no país. Segundo Vásquez, o sistema atual falha em reduzir acidentes de trânsito, servindo, na prática, apenas como fonte de receita para os municípios.
A Ineficácia das Multas por Radar
A deputada Patricia Vásquez foi direta ao apontar que o modelo atual de multas eletrônicas não reduziu os acidentes viários na Argentina. Embora os municípios tenham liberdade para implementar radares e firmar convênios com universidades e empresas de monitoramento, a deputada sugere que essa abordagem se tornou ineficaz e excessivamente lucrativa para intermediários. Segundo ela, parte significativa da receita gerada pelas multas é desviada para empresas contratadas, universidades e instituições parceiras, que chegam a reter até 50% dos valores arrecadados. A parlamentar propõe que esse dinheiro, essencial para melhorar as estradas e a segurança, deveria ser direcionado inteiramente a esses fins.
Mudanças Propostas: Uma Nova Política de Trânsito
O projeto de Vásquez propõe uma substituição dos radares por um sistema de fiscalização com agentes de trânsito, que fariam abordagens diretas aos motoristas, promovendo uma postura mais educativa e preventiva. Essa abordagem, segundo a deputada, teria um efeito mais efetivo na conscientização dos condutores e traria uma percepção de presença das autoridades de trânsito. Vásquez defende “mais inspetores nas ruas e menos câmeras escondidas”, alegando que o modelo atual apenas pune, sem educar ou prevenir, os infratores.
Além disso, o projeto sugere que todas as receitas de multas passem a ser administradas por um fundo nacional dedicado exclusivamente à segurança rodoviária, educação no trânsito e suporte a vítimas de acidentes. Com essa medida, ela acredita que o trânsito argentino poderia ser significativamente melhorado, assegurando que os valores arrecadados sejam 100% destinados ao bem-estar público.
O Impacto Potencial para o Trânsito Argentino
Se aprovado, o projeto trará mudanças radicais para a forma como as infrações de trânsito são abordadas na Argentina. Ao eliminar as multas por radar, o objetivo é transformar o sistema de fiscalização viária em um modelo de prevenção, educando e conscientizando motoristas em vez de depender de câmeras e radares para gerar receitas. A proposta de Patricia Vásquez também chama atenção para a necessidade de uma gestão mais transparente e focada nos recursos públicos, especialmente em uma área tão vital como a segurança no trânsito.
Essa reestruturação pode abrir portas para uma discussão ampla sobre as melhores práticas em segurança viária, tanto na Argentina quanto em outros países. Afinal, o projeto de Vásquez traz à tona a questão: a fiscalização eletrônica realmente melhora a segurança nas estradas, ou sua função principal é apenas arrecadar dinheiro?
Para os argentinos, a decisão do legislativo será fundamental para moldar o futuro das estradas no país, e muitos observadores da área de trânsito estarão atentos aos desdobramentos dessa proposta inovadora.